O quadro se constitui num espaço visual-gráfico como recurso tecnológico no qual o(a) professor(a) expõe suas esquematizações conceituais, complementando sua práxis pedagógica oral com a escrita. Fórmulas, conceitos, exercícios, esquemas, gráficos, esboços gerais podem ser utilizados neste espaço gráfico-visual pelo(a) professor(a) dando uma dinâmica a aula. Este recurso tecnológico utilizado ainda nos ambientes educacionais estimula nos(as) alunos(as):
1) atenção à fala e à escrita do(a) professor(a);
2) prática da lecto-escrita (na medida em que se lê o que está no quadro e se escreve no caderno ou folha de notas);
3) apreensão de esquematização escrita de conceitos (uma estruturação de princípio-meio-fim, conceitos e perguntas, fórmulas e exemplos/questionários, etc.)
4) metalinguagem (elaboração cognitiva para ler além do que está apenas escrito de forma tão compacta. O(a) professor(a) escreve muitas vezes diversos conceitos e esquemas abreviando-os em curtas definições e classificações utilizando diversos elementos coesivos como colchetes, dois pontos, traço, travessão, barras, setas, círculos, retângulos, grifos, lápis de outras cores, etc.)
Esta última habilidade que é estimulada nos(as) alunos(as) ao ler o que está no quadro mas não se deter nele, representa uma prática que nós utilizamos no dia-a-dia e principalmente durante o processo de aprendizagem da lecto-escrita nas escolas: os elementos intratextuais e os elementos extratextuais. Tal processo mental de integrar elementos que estão no texto e fora do texto (no caso em discussão, o que está no quadro e o que está fora dele) é objeto de estudo de diversos pesquisadores na área de lingüística e psicologia, destacando-se o Modelo de Construção e Integração (CI) de Kintsch (1998).
O modelo CI proposto por Kintsch considera tanto os elementos intratextuais como os elementos extratextuais, compondo uma integração dos mesmos em duas fases: (1) construção: na qual são identificados e relacionados elementos do texto e construído um esquema mental coerente do mesmo. Essa é uma fase local, limitada ao texto; (2) integração: adiciona novas informações, o seu conhecimento de mundo, comparando o sentido do texto com uma espécie de lógica comum (o que é considerado normal e conhecido do leitor). Nessa fase, o leitor expande suas concepções, idéias, significados, não restringindo-se ao texto, mas comparando as informações, processando-as e integrando-as numa representação mental mais ampla, contribuindo para a compreensão textual.
Observamos, portanto, que o considerado simples quadro branco é uma ferramenta tecnológica importantíssima e que deu, como ainda oferece, contribuição valiosa ao processo de
Podemos também questionar que, embora tenha ocorrido o avanço tecnológico do recurso (do quadro branco para o data-show), muitas vezes a prática docente continua estática e antiquada, utilizando um conjunto de recursos avançados (um software como o PowerPoint, os instrumentos de data-show, computadores, caixas de som) como se fosse um simples quadro branco...É possível explorar mais tais recursos: utilizando vídeos, imagens e músicas adequadas, etc para que o(a) aluno(a) possa ser mais estimulado ao processo de ensino e aprendizagem.
Há um vídeo muito interessante com tom de humor no Youtube sobre o uso do quadro branco e o data-show, questionando a metodologia e a tecnologia. Este vídeo foi pesquisado por um dos alunos da disciplina Educação e Tecnologia que ministrei na UFPE/CAA em 2008...Procurem pelo nome Metodologia ou Tecnologia no link de pesquisa do Youtube ao lado e se divirtam criticamente também.
Bibliografia:
KINTSCH, W. (1998). Comprehension: A paradigm for cognition. Cambridge: Cambridge Uniserity Press.
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